Recentemente, em minhas pesquisas sobre as práticas corporativas sustentáveis, me deparei com uma discussão interessante que destaca um aspecto frequentemente mal interpretado do ESG: o pilar Social.
Muitas vezes, as conversas em torno deste tópico tendem a se concentrar quase exclusivamente em diversidade e inclusão. Sem dúvida, esses são elementos importantes, mas representam apenas uma parcela dos critérios que definem o alcance do pilar Social no contexto do ESG.
Conforme apontado por Rafael Avila, especialista do Instituto Brasileiro de ESG, o pilar Social do ESG engloba um conjunto de no mínimo 15 critérios fundamentais. Estes critérios cobrem uma gama diversificada de práticas e questões pertinentes à responsabilidade social corporativa. Eles abrangem:
Investimento social privado;
Diálogo e engajamento social;
Impacto social;
Respeito aos direitos humanos;
Trabalho forçado ou compulsório;
Trabalho infantil;
Políticas e práticas de diversidade e equidade;
Cultura e promoção de inclusão;
Desenvolvimento profissional;
Saúde e segurança ocupacional;
Qualidade de vida e saúde mental;
Liberdade de associação;
Política de remuneração e benefício;
Relacionamento com consumidores/clientes;
Relacionamento com fornecedores.
A ênfase desproporcional em apenas alguns desses critérios pode levar a uma percepção limitada do que realmente envolve o compromisso social de uma empresa. Além disso, o restrito pode mascarar a necessidade de abordagens mais abrangentes que reconheçam e tratem da totalidade dos desafios sociais enfrentados pelas corporações.
Esta reflexão não sugere que a diversidade e inclusão sejam menos importantes, mas sim que elas fazem parte de um conjunto mais amplo de responsabilidades que as empresas têm para com a sociedade. Ignorar ou minimizar outros critérios sociais pode não apenas reduzir a eficácia das iniciativas de responsabilidade social corporativa, mas também expor as empresas a riscos legais, financeiros e reputacionais.
Para superar o "social washing" – ou seja, quando empresas afirmam se comprometer com causas sociais, mas não realizam ações práticas que comprovem isso – é necessário entender profundamente e aplicar esses critérios sociais em todos os aspectos das atividades da empresa.
Os Princípios para o Investimento Responsável (PRI) e os Padrões GRI emergem como ferramentas fundamentais para orientar as empresas nesse processo. O PRI incentiva a integração de considerações ESG nas decisões de investimento, promovendo um sistema financeiro global sustentável. Já os Padrões GRI propõem uma estrutura para relatórios de sustentabilidade, favorecendo a transparência sobre os impactos das empresas na economia, meio ambiente e na sociedade.
A adoção desses padrões e princípios reflete uma mudança de paradigma em direção a práticas de negócios que reconhecem a importância de uma operação sustentável e ética, que não apenas busca o lucro, mas também considera seu impacto ambiental e social.
Aprofundar nosso entendimento e abordagem ao pilar Social do ESG é, portanto, um passo essencial para as empresas que desejam prosperar em um mercado cada vez mais consciente e exigente.
Texto por: Dani Villar
Sócia da Nano Biztools
Quer conversar: contato@nanobt.com.br
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